Os restaurantes temporários, Pop-Ups, têm ganhado força no cenário gastronômico de Londres.
Como boa parte das ideias, ela nasceu da invenção. Muitos chefs de cozinha com currículo invejado – isto é, como empregados de outros restaurantes – tinham o desejo de ter seu próprio lugar… Mas sem a grana para tanto. Considerando que Londres é uma cidade cara, acaba sendo um problemão mesmo.
Itinerário ou Temporário?
Que tal os dois? Talvez as duas palavras que melhor tragam uma definição desse tipo de lugar são justamente “itinerário” e “temporário” pelo fato de o mesmo chef acabar se aventurando em um lugar por um curto período de tempo – e depois acaba aparecendo em outro. Não pense que se trata de um mercado de peixe: são ambientes informais com comida bastante chique. Claro: se você quiser curtir a ideia, recomenda-se que já esteja habituado com o ambiente gastronômico da alta cozinha. Não é hora de experimentar pratos que você nunca viu – afinal, praticamente, não dá tempo de o crítico gastronômico falar sobre um restaurante que só vai estar aberto uma semana.
A ideia deu tão certo que acabou sendo expandida: agora não existem só aqueles chefs que alugam um lugar por alguns dias ou fazem seu restaurante praticamente ao ar livre; muitos chefs renomados também exploraram muito bem a ideia. E até mesmo algumas companhias entraram na onda.
Gordon’s Pop, Poker’s Pop
Mundialmente famoso por conta de seus realities shows gastronômicos, Gordon Ramsey também é notório por outras duas coisas: seu sarcasmo na TV e sua habilidade com os utensílios de cozinha. Ramsey é de longe um dos chefs mais ricos do mundo – mas isso não impediu que ele ficasse na zona de conforto.
Em 2010, ele fez parte do London Restaurant Festival com uma proposta bastante interessante: uma das cápsulas da London Eye (a roda gigante, literalmente, gigante à beira do Rio Tâmisa) seria transformada num restaurante comandado por ele. Além de Ramsey, outros 11 chefs renomados da cidade também participariam da empreitada – uma porcentagem dos jantares a 135 metros de altura seria doada para caridade. O preço no leilão foi às alturas tanto quanto os felizardos que conseguiram o lance vencedor: 25 mil libras (aproximadamente R$ 145 mil).
Justamente pensando nesse conceito, algumas empresas com mentalidade bastante jovial embarcaram na ideia. Uma delas foi a PokerStars, conhecido site de poker online cujos escritórios ficam na capital inglesa. A ideia foi de um restaurante no qual você pudesse pagar os pratos ao jogar poker: é a All-in Kitchen (foto abaixo).
Em outras palavras, você joga com as cartas para determinar quanto pagará por um prato. São três mãos – depois, você paga o preço do cardápio em função de quantas fichas tem na mão. E o mais legal é que mesmo que você seja um péssimo praticante do esporte das cartinhas, você pagaria 10 libras (o valor máximo, aproximadamente R$ 58) pela refeição completa. E não, não era necessário apostar dinheiro, você jogaria sem arriscar nada – se ganhar, ganhou.
Com curatela de Jones & Sons, o menu continha pratos com nomes bastante sugestivos – tal como “Royal Flush do Rei Caranguejo”, “Quadra de Cordeiro” e outros bem interessante. Mas durou pouco: apenas durante poucos dias em janeiro deste mês. Quem sabe a ideia não aparece de novo – ou em outros países?
Mas como descobrir?
Obviamente, seria bem difícil ficar refém de folhetos entregues no metrô ou em parques londrinos. Menos ainda de achar no Twitter algum novo pop-up aparecendo. Assim, naturalmente iriam aparecer sites agregadores que reunissem informações sobre novos pop-ups em Londres.
Um deles é o The Nudge, que cataloga os principais pop-ups na cidade num dado mês. Em janeiro, por exemplo, ele listou sete restaurantes com os mais variados preços e sabores. O Carousel, por exemplo, tem duração de 19 a 31 de janeiro e servirá um mix de culinária do oeste da Inglaterra com aquela proveniente do norte da Índia. Mais interessante ainda pode ser o Laos Café by Salphin – de 21 de janeiro a 28 de fevereiro, um prazo mais longo. O que provar lá? Culinária do sudeste asiático, especificamente, do pequenino e pouco conhecido país chamado Laos.
O exemplo do Laos Café resume a ideia dos pop-ups: é um restaurante de comida muito especifica: ficaria difícil investir rios de dinheiro (e estamos falando de libras aqui, afinal) em algo assim – para se ter ideia, além dele, há apenas um outro restaurante de comida típica do Laos em todo o Reino Unido. Caso você tenha ficado interessado ou curioso, os pratos vão desde aqueles com o salmão sendo base até uma salada com mamão papaia.
A ideia é ótima e quem sabe poderemos vê-la aqui no Brasil algum dia. Considerando que o preço dos imóveis nas principais regiões metropolitanas do país está nas alturas, talvez sejam alternativas interessantes para aqueles jovens chefs que queiram mostrar suas habilidades na cozinha. Ou então para aqueles mais consolidados que queiram arriscar num empreendimento sem arriscar muito – como o de culinária da Colômbia ou da Nicarágua, por exemplo. De uma forma ou de outra, é um conceito ótimo. Se for a Londres, não deixe de dar uma espiada no The Nudge e dar uma olhada em um.
Fonte: Sofisticado
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